segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Devaneios Noturnos

Não consigo dormir
Pois penso em ti
Ansiando em mim
Ver o seu sorrir

Imaginando
Quando ao certo
Eu te verei de perto
Sem sombras do inverno

Sem barreiras ante ti
Te separando de mim
Podendo ver assim
Teu rosto carmim
Sem véu de cetim

Aguardo esse momento
Olhando ao relento
Esperando espreiteiro
Sua silhueta ao vento
Surgir do nevoeiro

Oh quão bom será
O dia que chegará
Te verei sob o luar
Com as estrelas a brilhar
E a brisa a soprar

Estou a ti esperar
Certo que virá
Sem duvidar
Ei de ti amar

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Ontem

Ontem, eu fui arrumar o meu quarto. Resolvi dá uma faxina geral e fui tirando tudo do armário: livros, papéis soltos, documentos, eliminadores de pilha, um monte de tralha eletrônica, uma furadeira manual (acho que só um louco como eu pra guardar uma coisa dessas no quarto) e um bocado de caixas.

Depois de uma primeira faxina joguei fora três sacolas cheias de papel e coisas inúteis. Provas, recados antigos, notas fiscais de coisas que eu nem tenho mais, coloquei tudo no lixo. E fiquei pensando que coisas importantes para mim ontem, hoje já não tem importância nenhuma, como as provas antigas que eu quase me matei estudando para elas e agora eu estava as colocando no lixo. Que belo final para elas, não!? Não que elas tenham sido desnecessárias, de forma alguma, mais agora a única coisa a fazer com elas era jogá-las no lixo, elas perderam o seu valor. Então veio uma pergunta que um monte de gente já deve ter feito para si mesmo e mais um monte já deve ter achado uma resposta ou pensado que achou uma: "Quando eu morrer o que de mim vai ficar?".

E fiquei matutando. Será que eu vou deixar algo que as pessoas guardem e que tenham valor para elas ou tudo o que eu deixar vai ser um dia descartado porque perdeu sua importância? Foi então que achei algo interresante no meu armário, uns álbuns de fotografia que eu nem lembrava mais que tinha. E eles tinham umas fotos do meu aniversário de dezoito anos e umas fotos minhas na praia. Fiquei olhando aquelas fotos, as pessoas, umas sorrindo, outras sérias, umas se divertindo, outras pensativas. Algumas pessoas que estavam nas fotos, eu nunca mais vi, outras eu vejo quase todo dia. Me recordei das coisas boas que aconteceram nesses momentos registrados nas fotos e acho que descobri o que vou deixar quando eu morrer.

Eu vou deixar o que vivi com essas pessoas. Serei lembrado por elas pelos momentos que vivemos juntos, pelo que eu fiz a elas. Se eu as amei e fui amado, se odiei e fui odiado, se amei e fui odiado, e se odiei e fui amado. Isso é o que elas vão guardar de mais precioso sobre mim. Agora se eu tive uma Ferrari, se eu tive muito dinheiro, se tinha uma casa grande e bonita, isso são coisas que com pouco tempo deixam de ser importantes e perdem o valor, logo serão jogadas no esquecimento. Agora os momentos que vivemos com as pessoas, aqueles momentos em que mais marcamos as vidas delas, para bem ou para mal, esses sim ficam e não perderão o seu valor.